Entrevista: Murilo Cardoso – Geografia e Ensino

Entrevista Murilo Cardoso.Esta é a quinta entrevista da série onde estamos entrevistando profissionais de Geotecnologias que atuam em várias regiões do Brasil e do mundo. Eles vão contar um pouco de sua história no mercado de trabalho, dar sua opinião pessoal sobre o cenário do Geoprocessamento onde vivem, e algo mais. Nosso entrevistado da vez, o primeiro de 2013, é Murilo Cardoso, do estado de Goiás e que é autor de um reconhecido blog sobre Geoprocessamento e ensino.

Murilo CardosoMurilo Raphael Dias Cardoso é mestrando em Geografia na UFG com ênfase no estudo do uso de novas tecnologias e geotecnologias no Ensino Básico. Mais de 30 artigos publicados em periódicos e eventos, todos na area de Geotecnologias. Fez estágio na área de Geoprocessamento do Ministério Público do Estado de Goiás e na CPRM participando de estudos sobre recursos hídricos. Tem interesse em estudos dos biomas, principalmente o Cerrado, preservação dos recursos hídricos, morfologia de bacias hidrográficas, modelagem ambiental, climatologia, geoprocessamento, sensoriamento remoto, programação, ensino de geografia, metodologia de ensino e elaboração de material didático.

1. Há quanto tempo você trabalha com Geotecnologias e como foi seu primeiro contato com esta área tão empolgante?

Trabalho com Geoprocessamento desde o final de 2008, aproximadamente há 4 anos, quando entrei como estagiário no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG/IESA/UFG). Meu primeiro contato foi exatamente no segundo semestre de 2008 (quarto período do curso de Geografia) onde cursei as disciplinas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento.

Fiquei maravilhado com o que vi. As imagens de satélite, fazer mapas e gerar dados geoespaciais! Posso dizer que essas disciplinas foram as que fizeram o curso de Geografia ter sentido para mim.

2. Você fez algum curso na área de Geoprocessamento? (Cite onde, e se possível algumas características do curso)

Nunca fiz nenhum curso, além das disciplinas superficiais que cursei na graduação em Geografia. Contudo, os estágios que fiz no LAPIG, Ministério Público de Goiás e na CPRM – GO me ajudaram a ir me especializando por causa do contato com outros alunos que já sabiam mais que eu naquele momento. Mas, o mais importante nessa formação foram, principalmente, a internet e três blogs específicos. O blog Processamento Digital (Jorge), o Geotecnologias (Sadeck) e o Anderson Medeiros.

Como eu digo para todo mundo, depois que você sabe abrir um vetor, entendeu o como aquilo funciona,  você consegue se desenvolver sozinho com os excelentes blogs que temos hoje em dia em língua portuguesa.

3. Qual sua visão sobre o cenário atual das Geotecnologias no Brasil? Considera que há boas perspectivas para os profissionais?

Nos últimos 4 ou 5 anos as Geotecnologias se popularizaram de forma acentuada no Brasil. Os simpósios específicos da área tem tido cada vez mais público. Temos eventos realmente grandes. Os alunos de graduação cada vez mais procuram por se especializar nessa área por saber da importância dessa ferramenta. Sempre digo que na Geografia, que é a área que tenho mais contato, difilcilmente um bacharel irá encontrar trabalho sem dominar essas ferramentas. Acho que os alunos têm tomado conciência disso.

Outra coisa importante, é que os concursos consideram cada vez mais o tecnólogo em Geoprocessamento como o único a poder assumir a essa vaga específica. Antes essa vaga era sempre disputada por muitas outras graduações chamadas de áreas afins. Eu preferia quando era a vez das áreas afins, pois eu como Geógrafo poderia concorrer. Mas, vejo essa exigência como um respeito maior a importância do Geoprocessamento.

4. O que você acha que seja fundamental para que um profissional consiga um bom espaço no mercado de trabalho em Geoinformação?

Não se pode ter preguiça de procurar e de tentar. A pessoa deve ter iniciativa. Vejo muitas pessoas se desestimularem as vezes por tentar uma vez ou outra e dizerem para si mesmas “não consigo”. Mas, está tudo aí. Procura no Google. Tente! Como bem sabemos, o Geoprocessamento não é uma sequência de apertar botões, é preciso saber pensar sistemáticamente e isso vem com a prática. Então, estudar os softwares é o primordial. Mas, creio que o mais importante é estar nesse mercado porque gosta. Quando se gosta do que faz você vai além.

Gosto sempre de pensar como o Steve Jobs a respeito disso, ele disse uma vez no famoso discurso de Stanford: “Você tem que encontrar o que você gosta. Seu trabalho vai ocupar uma grande parte da sua vida e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo aquilo que você acredita ser um ótimo trabalho”.

5. Com quais softwares para Geoprocessamento você tem trabalhado, desde o início de sua carreira até hoje (comerciais e livres)?

Trabalho com dois, principalmente, ArcMap e Quantum GIS. Eu sou um apaixonado e super entusiasmado com o Quantum GIS. Gosto da interface dele, dos ícones, da facilidade que ele imprime no trabalho e de seu leque enorme de possibilidades. Mas, também uso as vezes o ENVI e o SPRING. Por curiosidade as vezes uso o gvSIG, o GRASS e o MapWindow para saber como funciona. Gosto sempre de mexer em um software diferente.

6. Comente um pouco de como as Geotecnologias estão diretamente envolvidas com seu trabalho.

Bem, sou um pesquisador. Faço mestrado em Geografia com ênfase em Geoprocessamento. Nesse caso, as Geotecnologias estão diretamente ligadas a minha pesquisa que visa criar um SIG online que ensine Geografia. Estou fazendo tudo utilizado a plataforma MapServer/i3Geo.

7. O que você diria sobre as potencialidades do uso de softwares livres para Geoprocessamento em sua área de atuação principal (educação)?

Pessoalmente, tenho uma grande ambição de criar uma ferramenta que substitua de forma satisfatória aqueles mapas estáticos e chatos utilizados nos livros didáticos. Mas, já tenho ajudado alguns amigos e tendo seus respectivos feedbacks de como é possível fazer um material personalizado utilizando Geotecnologias. Na verdade, por isso gosto tanto do Quantum GIS, é mais fácil de usar. Fácil e rápido de baixar por ser leve (~100 Mb). Os professores conseguem gerar materiais cartográficos para suas aulas que os livros didáticos não trazem. Isso é fantástico! É incrível!

8. Você gostaria de fazer algum comentário adicional sobre o tema de nossa entrevista?

Sim, primeiro eu gostaria de agradecer a oportunidade de falar um pouco sobre meu trabalho. Já te disse o quanto seu blog me ajudou e tem ajudado em meus estudos e é uma honra participar dele de alguma forma. E, também, gostaria de dar um recado específico para o pessoal dos cursos de Geografia. Na verdade, ainda mais específicos ao pessoal da licenciatura.

Vi muitos colegas ao longo do meu curso falando que não precisavam de Geoprocessamento pra nada e reclamando de ter que fazer tal disciplina, que era tão difícil. Pois bem, eu sou da licenciatura. Pensar assim é pensar muito pequeno. As possibilidades das Geotecnologias dentro da sala de aula são incontáveis. Tenho certeza que o futuro do ensino de Geografia passa muito pelas Geotecnologias, principalmente pelos SIG Online.

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Anderson Medeiros

Anderson Medeiros

Graduado em Geoprocessamento pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). É o autor do site https://clickgeo.com.br que publica regularmente, desde 2008, artigos dicas e tutoriais sobre Geotecnologias, suas ferramentas e aplicações.
Em 2017 foi reconhecido como o Profissional do ano no setor de Geotecnologias. Atua na área de Geoprocessamento desde 2005.

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12 respostas

  1. Nossa gostei muito da entrevista com o Murilo, PARABÉNS, gosto muito dos trabalho do dele, sempre que posso acompanho seus posts e blog, tanto dele como seu Anderson, estou cursando meu bacharel em Geografia na Universidade Federal de Rondônia -UNIR, na área de geoprocessamento e sempre tento aprender um pouco mais com vcs. Admiro o trabalho dos dois, tenho aprendido muito. Desejo todo sucesso pra vocês!! Abraço.

      1. Helena,
        Sinceramente não sei ao certo como te ajudar neste sentido. Envie sua dúvida para o grupo ArcGIS Brasil. Creio que alguém já deve ter tido problemas similares.
        Abraço!

  2. Olá a todos!
    Gostei muito desta entrevista com Murilo Rafhael,a trajetória dele no caminho dos Sigs é bem parecido comigo,por isso me identifiquei de imediato.E também acredito que um aluno de geografia mesmo que seja só licenciado tem que buscar sempre conhecer e saber utilizar alguns software para passar pro seus alunos e despertar interesses nesse mundo que está tão forte e é tão importante na ciência geográfica e outras áreas afins.

  3. Anderson,

    Obrigado pelo convite para participar dessa série de entrevistas da qual eu sou muito fã. Foi uma honra poder participar.

    Grande abraço!

  4. Parabéns Anderson e ao Murilo. Lembro quando o Murilo Chegou para o primeiro ano de graduação, era uma criança. Eu já estava no mestrado. Hoje o rapaz está brilhando.

    É isso… Parabéns.

  5. Parabéns ao amigo Murilo e ao Anderson Medeiros pela entrevista. Gostei e desejo todo o sucesso

  6. Ótima entrevista. Parabéns pela trajetória Murilo, me identifiquei muito port termos iniciado no geoprocessamento na mesma época (2008), e por termos aprendido muito com os blogs na web, dai temos que agradecer muito ao Jorge,o Sadeck e o Anderson. E é isso “Você tem que encontrar o que você gosta” esse é o maior segredo para todos que querem crescer em suas respectivas áreas. Um grande abraço Anderson e Murilo, sucesso.

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Sobre Anderson Medeiros

Ele já foi reconhecido como o Profissional do Ano no Brasil no setor de Geotecnologias. Graduado em Geoprocessamento, trabalha com Geotecnologias desde 2005. Já ministrou dezenas de cursos de Geoprocessamento com Softwares Livres em diversas cidades, além de outros treinamentos na modalidade EaD. Desde 2008 publica conteúdo sobre Geoinformação e suas tecnologias como QGIS, PostGIS, gvSIG, i3Geo, entre outras.

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